Vez ou outra, em maior ou menor grau, não há quem escape dessa dor deliciosa
Diz
a psicanálise freudiana que duas classes de pulsões agem sobre a nossa
vida psíquica: as sexuais e a de morte. Num ato autopreservativo, a
destrutividade da demanda de morte é, frequentemente, expressa de forma
erótica.
É o componente sádico do desejo sexual.
Não que essas pulsões não possam tomar vários
caminhos diferentes na nossa psique, mas não deixo de lembrar dela
quando meus olhos encontram toda a libidinosidade de um relacionamento
destrutivo.
Dona de um instagram polêmico, mas visualmente muito, muito atrativo, ela acabou de lançar um livro
no qual fala sobre três relacionamentos tóxicos que teve durante a vida
– o seu primeiro namorado, aos 15 anos, que era procurado pela polícia
por esfaquear o olho de uma pessoa; outro namorado, com quem trocava
violência física; e uma melhor amiga, com quem mantinha uma relação de
co-dependência.
Ela falou que o livro é sobre corações partidos, relações
abusivas e suas dores e delícias. E é também autora de um dos melhores
quotes que ouvi essa semana:
“Sofrer por um coração partido é um luxo, na minha opinião. Em muitos lugares do mundo, não há tempo pra isso. As pessoas estão ocupadas pensando em como conseguirão a próxima refeição. Não há tempo pra chorar as pintangas por uma pessoa. Então, quando vejo alguém sofrendo histericamente, minha vontade é de dizer ‘Cala a boca! Você tem tanta sorte!’.Ninguém sabe o que é dor até ter o coração despedaçado – mas é tão bom. Caralho, é tão bom.”
Julia sofre de transtorno de personalidade borderline,
mas não é tão diferente da maioria de nós. Ainda que tentemos cultivar
relações saudáveis, inúmeros desejos difíceis de controlar,
impulsividade e tesão, a necessidade de machucar e um péssimo julgamento
resultaram, ao menos uma vez, em um soco no peito de cada um. Em maior
ou menor grau, não há quem escape.
As fotografias dessa mulher transpiram dor e libido, e também um pouco da nossa psique.
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